Por Daniela Santarosa
"Emagreça correndo". "Tenha o corpo que você sempre quis". Essas e outras chamadas apelativas, acompanhadas, é claro, de modelos com barrigas de tanquinho e pernas bem torneadas, são presença constante nas bancas de revista e sites especializados em corrida e boa forma.
Tenho pena de quem cai nesse conto do vigário. Fico imaginando a pessoa se comparando com aquele corpo escultural e pensando que, se colocar um tênis, ir para o Parcão dar umas voltinhas, tomar um Gatorade e... bum! O milagre acontecerá.
Está provado que correr, por si só, não emagrece ninguém que não esteja disposto a mudar de estilo de vida. De nada adianta correr 50 quilômetros por semana e se empanturrar de pratos altamente calóricos e repletos de gorduras, especialidade dos gaúchos no inverno.
Estamos falando de algo simples e matematicamente explicável: o que vale é o balanço calórico negativo e se a pessoa praticar exercícios físicos, aliando atividades aeróbicas (corrida, natação, bicicleta) com a musculação ou qualquer outra — e, obviamente, se alimentar de forma equilibrada.
Simplificando: você deve gastar mais calorias do que ingerir. Num cálculo genérico, basta lembrar que um homem de 80 quilos gasta, em média, 400 calorias correndo meia hora num bom ritmo. Apenas para manter as funções vitais, ele gasta cerca de 2,2 mil calorias. Assim, para manter o peso, o cidadão deveria ingerir até 2,6 mil calorias diárias, certo?
Mas dificilmente é o que ocorre. Entre café da manhã, almoço e jantar, mais lanchinhos, essa cota explode facilmente. Basta comer aquele "chocolatinho" pós-almoço, dois inofensivos pães de queijo e aceitar o convite para saborear uma pizza calabresa bem recheada e os efeitos "milagrosos" da corrida vão para o espaço.
A lei da compensação é, no mundo dos corredores de primeira viagem, uma perversa personagem roliça, sempre prestes a pedir aquele reluzente quindim na confeitaria da esquina. Quando "eu corri, eu posso" vira um mantra, o ponteiro da balança dificilmente baixa.
Comer bem — nem de mais, nem de menos — é um potente ingrediente da cobiçada fórmula de transformação física. A corrida, pode, sim, ser uma competente aliada para a conquista de um corpo forte e definido como você deseja. Mas, sozinha, ela só servirá para desgastar o organismo e virar tortura — o que, convenhamos, não combina nem um pouco com a alegria de um corredor leve e cheio de energias positivas.
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